Adilson Motta de Santana
Quando se fala em fenômenos anímicos geralmente vem à
mente um aspecto negativo relacionado ao exercício da mediunidade, quando o
médium distorce o conteúdo recebido misturando-o, involuntariamente, com o seu
próprio pensamento ou substituindo-o completamente. Os fenômenos anímicos ou
fenômenos de emancipação da alma – utilizando a linguagem kardequiana – são
muito mais amplos e ultrapassam em muito essa possibilidade.
Ao fazermos
alguma palestra sobre esse tema é patente o quão pouco se sabe a respeito e, ao
mesmo tempo, o interesse das pessoas em conhecer mais a fundo esses fenômenos,
mostrando que as instituições espíritas têm se descuidado dos estudos nesse setor.
Na falta de conhecimento acaba-se tudo colocando à conta de mediunidade e
interferência dos Espíritos. Confunde-se então dupla vista com vidência,
desdobramento com transe mediúnico, telecinesia com mediunidade de efeitos
físicos. Com relação a sonambulismo, então, o desconhecimento é maior ainda, é
quase completo.
Diz-se que é
por que os fenômenos de emancipação da alma não existem mais. Ledo engano, pois
se somos Espíritos encarnados, também temos a possibilidade de provocar alguns
efeitos cuja causa reside na alma. Apesar de encarcerada na carne, ela possui a
capacidade de, em determinadas circunstâncias e dentro de certos limites,
utilizar os recursos de que é naturalmente portadora e que só se manifestam com
toda a potencialidade após a morte. À medida que corpo físico e perispírito se
desenvolvam e se refinem, maiores chances haverá de realização dos fenômenos
emancipativos dando ao Espírito maior liberdade de ação mesmo estando ligado à
matéria.
Assim a
possibilidade de ver, captar, sentir, perceber além dos limites estabelecidos
pelos sentidos físicos existe. Essa aptidão é nossa e independe da
interferência de qualquer Espírito desencarnado. Não é preciso ser médium para
exercê-la.
O desprezo a
esses assuntos como matéria menos digna de ser estudada nos centros espíritas
tem levado muita gente à confusão. Nas reuniões mediúnicas, muitas vezes o que
ocorre são fenômenos anímicos como sonambulismo, dupla vista, desdobramento,
mas que são confundidos com psicofonia ou outros tipos de mediunidade.
Se isso
acontece dentro dos trabalhos espíritas, entre pessoas mais experientes e com
maior conhecimento, imaginemos o que pode ocorrer com aqueles que, leigos
quanto ao Espiritismo, chegam às instituições espíritas angustiados, buscando
orientação e ajuda sem que ninguém consiga lhes dar uma explicação satisfatória
quanto aos fenômenos que estão sendo vivenciados! Pessoas que em certos
momentos sentem-se como que fora do corpo ou da realidade presente, que se
sentem vagar, que veem imagens ou presenciam situações que estão ocorrendo
longe do alcance do olhar físico, que entram em transe com facilidade, que
captam os pensamentos dos outros...
Deparamo-nos
certa vez com uma jovem que às vezes se sentia fora de si, em outro lugar,
vivenciando outra realidade. Ficava depressiva por não entender o que se
passava. Se fosse ao psiquiatra seria diagnosticada com algum transtorno
dissociativo. Num centro espírita o que lhe diriam? Que estava obsediada? Isso
é muito provável, apesar dela não estar doente física, psíquica ou
espiritualmente. Ela era portadora de uma capacidade de emancipação da alma.
Necessitava de orientação a fim de compreender o fenômeno, aprender a
controlá-lo e a direcioná-lo positivamente.
E você, o
que diria a esta jovem? Como a orientaria?
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