terça-feira, 12 de setembro de 2017

O que estamos estudando?


Adilson Motta de Santana






Quando se fala em fenômenos anímicos geralmente vem à mente um aspecto negativo relacionado ao exercício da mediunidade, quando o médium distorce o conteúdo recebido misturando-o, involuntariamente, com o seu próprio pensamento ou substituindo-o completamente. Os fenômenos anímicos ou fenômenos de emancipação da alma – utilizando a linguagem kardequiana – são muito mais amplos e ultrapassam em muito essa possibilidade.

       Ao fazermos alguma palestra sobre esse tema é patente o quão pouco se sabe a respeito e, ao mesmo tempo, o interesse das pessoas em conhecer mais a fundo esses fenômenos, mostrando que as instituições espíritas têm se descuidado dos estudos nesse setor. Na falta de conhecimento acaba-se tudo colocando à conta de mediunidade e interferência dos Espíritos. Confunde-se então dupla vista com vidência, desdobramento com transe mediúnico, telecinesia com mediunidade de efeitos físicos. Com relação a sonambulismo, então, o desconhecimento é maior ainda, é quase completo.

       Diz-se que é por que os fenômenos de emancipação da alma não existem mais. Ledo engano, pois se somos Espíritos encarnados, também temos a possibilidade de provocar alguns efeitos cuja causa reside na alma. Apesar de encarcerada na carne, ela possui a capacidade de, em determinadas circunstâncias e dentro de certos limites, utilizar os recursos de que é naturalmente portadora e que só se manifestam com toda a potencialidade após a morte. À medida que corpo físico e perispírito se desenvolvam e se refinem, maiores chances haverá de realização dos fenômenos emancipativos dando ao Espírito maior liberdade de ação mesmo estando ligado à matéria.

       Assim a possibilidade de ver, captar, sentir, perceber além dos limites estabelecidos pelos sentidos físicos existe. Essa aptidão é nossa e independe da interferência de qualquer Espírito desencarnado. Não é preciso ser médium para exercê-la.

       O desprezo a esses assuntos como matéria menos digna de ser estudada nos centros espíritas tem levado muita gente à confusão. Nas reuniões mediúnicas, muitas vezes o que ocorre são fenômenos anímicos como sonambulismo, dupla vista, desdobramento, mas que são confundidos com psicofonia ou outros tipos de mediunidade.

       Se isso acontece dentro dos trabalhos espíritas, entre pessoas mais experientes e com maior conhecimento, imaginemos o que pode ocorrer com aqueles que, leigos quanto ao Espiritismo, chegam às instituições espíritas angustiados, buscando orientação e ajuda sem que ninguém consiga lhes dar uma explicação satisfatória quanto aos fenômenos que estão sendo vivenciados! Pessoas que em certos momentos sentem-se como que fora do corpo ou da realidade presente, que se sentem vagar, que veem imagens ou presenciam situações que estão ocorrendo longe do alcance do olhar físico, que entram em transe com facilidade, que captam os pensamentos dos outros...

       Deparamo-nos certa vez com uma jovem que às vezes se sentia fora de si, em outro lugar, vivenciando outra realidade. Ficava depressiva por não entender o que se passava. Se fosse ao psiquiatra seria diagnosticada com algum transtorno dissociativo. Num centro espírita o que lhe diriam? Que estava obsediada? Isso é muito provável, apesar dela não estar doente física, psíquica ou espiritualmente. Ela era portadora de uma capacidade de emancipação da alma. Necessitava de orientação a fim de compreender o fenômeno, aprender a controlá-lo e a direcioná-lo positivamente.

       E você, o que diria a esta jovem? Como a orientaria?


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