quarta-feira, 11 de outubro de 2017

DORIA, ATÉ QUANDO O POSTE FICA ACESO?


Jorge Oliveira

Rio - O João Doria chegou agora e já quer o lugar da janela. Ele tem todo direito de ser candidato a presidente da República, a exemplo de outos bufões que passaram por Brasília. Só não deve é chutar o pão da barraca desrespeitando aliados políticos e abandonar São Paulo, traindo os eleitores que o conduziram a prefeitura no primeiro turno das eleições de 2016. Ao chamar Alberto Goldman de “improdutivo”, político que “vive de pijama”, Doria mostrou que desconhece a trajetória de homens como Goldman, referencial na história política do país. Mostrou-se arrogante, prepotente, desrespeitoso e intolerante com as críticas que vem recebendo de aliados por ter abandonado a prefeitura para sair por aí em campanha para presidente.

O míssil contra Goldman foi disparado de Belém, onde o prefeito de São Paulo, mais uma vez, foi atrás de voto na procissão de Círio de Nazaré, obcecado para chegar a Brasília. Ele estava de cara lavada, enraivecido, espumando com as críticas de Goldman que chamava a sua atenção e, com razão, para não abandonar São Paulo. A reação de Doria mostra que ele tem pavio curto, não conhece direito seus companheiros de partido e assemelha-se as explosões do Bolsonaro quando reage, com ferocidade, a perguntas incômodas e inconvenientes como quisesse botar o passado para debaixo do tapete.

Se fosse dado a estudar a história do país com mais profundidade e não fizesse do supérfluo a sua trajetória de vida, Doria, certamente, não teria agredido de forma vil e irresponsável Alberto Goldman, a quem tratou da seguinte forma em um vídeo postado na internet: “Hoje meu recadinho vai para você, Alberto Goldman, que viveu sua vida inteira na sombra de Orestes Quércia e José Serra. Você é um improdutivo, um fracassado. Você coleciona fracassos na sua vida e agora vive de pijamas na sua casa. Viva com a sua mediocridade que fico com o povo”. Quanta pobreza no final do texto, quanto populismo barato para quem estreia na carreira política agarrado ao saco do Alckmin.

Doria, do dia para noite, se transformou no gênio da política, no expert do diálogo, das alianças.  Aboleta-se no seu avião e sai pelo Brasil a procura de voto. Quer se apresentar como candidato viável a presidente da república. Quer deixar de lado aquela imagem de almofadinha de estúdio refrigerado de TV para se apresentar ao “povo” como ele diz para o Goldman. É mais um, entre políticos fanfarrões, que evoca o povo como aliado para chegar ao poder. Acha que a sua gorda conta bancária e um jatinho lhe dão o direito da candidatura tucana e a exclusividade na convenção. Engana-se. Se quer realmente legenda para disputar a eleição já deveria ter abandonado o PSDB há muito tempo. Depois da agressão ao Goldman seus ovos não chocam mais no ninho tucano.

Doria, na verdade, é o que a Dilma foi para o Lula e o Fleury para o Quércia, todos criados na chocadeira dos padrinhos, quando o político transfere votos para um poste e depois não pode apagar a luz que teima em permanecer acesa. Nesses casos, os personagens forjados por seus líderes voam alto no primeiro momento e depois das asas cortadas aterrissam atabalhoadamente de volta ao solo.

Ao impor que quer viajar do lado a janela, mesmo chegando agora como convidado dos donos do ônibus, Doria ainda não percebeu que a política é para “profissional”. E que as vezes o recado mais forte chega ao adversário pelo silêncio. Se continuar a usar a internet intempestivamente como se fosse o dono da rede, certamente a carreira política vai acabar mais cedo do que ele espera. A história coleciona um monte de postes apagados por aí.

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