Jorge Oliveira
Rio - O João Doria chegou agora e já quer o lugar da
janela. Ele tem todo direito de ser candidato a presidente da República, a
exemplo de outos bufões que passaram por Brasília. Só não deve é chutar o pão da
barraca desrespeitando aliados políticos e abandonar São Paulo, traindo os
eleitores que o conduziram a prefeitura no primeiro turno das eleições de 2016.
Ao chamar Alberto Goldman de “improdutivo”, político que “vive de pijama”,
Doria mostrou que desconhece a trajetória de homens como Goldman, referencial
na história política do país. Mostrou-se arrogante, prepotente, desrespeitoso e
intolerante com as críticas que vem recebendo de aliados por ter abandonado a
prefeitura para sair por aí em campanha para presidente.
O míssil contra Goldman foi disparado de Belém, onde o
prefeito de São Paulo, mais uma vez, foi atrás de voto na procissão de Círio de
Nazaré, obcecado para chegar a Brasília. Ele estava de cara lavada,
enraivecido, espumando com as críticas de Goldman que chamava a sua atenção e,
com razão, para não abandonar São Paulo. A reação de Doria mostra que ele tem
pavio curto, não conhece direito seus companheiros de partido e assemelha-se as
explosões do Bolsonaro quando reage, com ferocidade, a perguntas incômodas e
inconvenientes como quisesse botar o passado para debaixo do tapete.
Se fosse dado a estudar a história do país com mais
profundidade e não fizesse do supérfluo a sua trajetória de vida, Doria,
certamente, não teria agredido de forma vil e irresponsável Alberto Goldman, a
quem tratou da seguinte forma em um vídeo postado na internet: “Hoje meu
recadinho vai para você, Alberto Goldman, que viveu sua vida inteira na sombra
de Orestes Quércia e José Serra. Você é um improdutivo, um fracassado. Você
coleciona fracassos na sua vida e agora vive de pijamas na sua casa. Viva com a
sua mediocridade que fico com o povo”. Quanta pobreza no final do texto, quanto
populismo barato para quem estreia na carreira política agarrado ao saco do Alckmin.
Doria, do dia para noite, se transformou no gênio da
política, no expert do diálogo, das alianças.
Aboleta-se no seu avião e sai pelo Brasil a procura de voto. Quer se
apresentar como candidato viável a presidente da república. Quer deixar de lado
aquela imagem de almofadinha de estúdio refrigerado de TV para se apresentar ao
“povo” como ele diz para o Goldman. É mais um, entre políticos fanfarrões, que
evoca o povo como aliado para chegar ao poder. Acha que a sua gorda conta
bancária e um jatinho lhe dão o direito da candidatura tucana e a exclusividade
na convenção. Engana-se. Se quer realmente legenda para disputar a eleição já
deveria ter abandonado o PSDB há muito tempo. Depois da agressão ao Goldman
seus ovos não chocam mais no ninho tucano.
Doria, na verdade, é o que a Dilma foi para o Lula e o
Fleury para o Quércia, todos criados na chocadeira dos padrinhos, quando o
político transfere votos para um poste e depois não pode apagar a luz que teima
em permanecer acesa. Nesses casos, os personagens forjados por seus líderes
voam alto no primeiro momento e depois das asas cortadas aterrissam
atabalhoadamente de volta ao solo.
Ao impor que quer viajar do lado a janela, mesmo chegando
agora como convidado dos donos do ônibus, Doria ainda não percebeu que a
política é para “profissional”. E que as vezes o recado mais forte chega ao
adversário pelo silêncio. Se continuar a usar a internet intempestivamente como
se fosse o dono da rede, certamente a carreira política vai acabar mais cedo do
que ele espera. A história coleciona um monte de postes apagados por aí.
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